O fundo do mar pode ser um lugar muito assustador. Cientistas e mergulhadores em geral já tiveram a oportunidade de fotografar criaturas das profundezas com rostos não muito amistosos. Com essa grande variedade, não foi difícil elencar vinte dos mais exóticos exemplares de fauna marinha.
Dificilmente uma criança reconheceria o nome Melanocetus johnsonii, mas um exemplar dessa espécie amedrontou milhares delas quando perseguiu Nemo e Dory no filme “Procurando Nemo”, sucesso entre o público infantil. Além de assustador, esse peixe tem uma interessante estratégia de caça: como vive em áreas muito profundas do mar, onde a luz praticamente não penetra, ele usa um apêndice bioluminescente bem em frente aos dentes, que atrai as presas e serve como uma vara de pescar brilhante.
Um show de luzes e cores é proporcionado por várias espécies de lesmas do mar, também conhecidas como nudibrânquios, que juntas fazem parte da ordem Opistobranchia. Você pode pensar que este não é realmente um animal assustador, mas várias espécies de lesma do mar são carnívoras, têm garras afiadas e dentes afiados chamados de rádulas. Algumas chegam a ultrapassar 30 centímetros de comprimento.
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Uma combinação entre olhar penetrante e dentes longos e afiados faz deste peixe uma ameaça natural. Várias espécies do gênero Chauliodus habitam águas tropicais, onde suas compridas presas penetram mais facilmente na carne das vítimas.
Strongylocentrotus purpuratus é o nome científico de um animal arisco, redondo e completamente espiculado. As dezenas de pontas são especialmente desenhadas para protegê-lo dos predadores. E podem vir em várias cores: as principais são preto, marrom, roxo, vermelho e verde oliva.
Ele vive em águas profundas e é um dos principais predadores das zonas abissais dos oceanos. Em sua boca, cujo comprimento passa vários centímetros da linha de cada um dos olhos, estão a postos mais de 50 fileiras de pequenos, firmes e pontudos dentes, sempre prontos para estraçalhar suas presas.
Sua aparência pode não ser lá das mais assustadoras. Apesar disso, as espécies da classe Holothurioidea podem ser um perigo muito maior do que se imagina. Quando atacados ou ameaçados por um predador, os pepinos do mar liberam uma substância tóxica (e letal, em alguns casos) chamada Holoturina, daí o nome.
Dentro da classe dos pepinos do mar, na verdade, há alguns exemplares que nem chegam a se parecer com pepinos. Algumas espécies, no entanto, são redondas e tem tentáculos espiculados ao longo do corpo, que se parecem com raízes de árvore. Alguns indivíduos são ricos em cores exuberantes, o que enaltece seu lado exótico.
Se você já havia se surpreendido com o peixe-diabo negro, que tem um apêndice luminoso no meio do rosto para atrair suas presas, o peixe-dragão negro (Bathophilus indicus) vai ainda mais longe. Ao longo da barriga, ele tem órgãos luminosos dispostos de maneira irregular, que brilham na escuridão das águas que habita. Ele é capaz de mudar as suas partes acesas conforme suas movimentações, o que cria falsas silhuetas e engana suas vítimas. Como se isso não bastasse, seus olhos são equipados com uma espécie de “lanterna” que ajuda a localizar melhor as vítimas.
A versão brasileira do nome para estes peixes, pertencentes à família Uranoscopidae, não é à toa: a estratégia de caça destas espécies é se enterrar na areia e ficar apenas com o rosto de fora, virado para cima. Os miracéus penetram no solo de uma maneira com a qual podem sair rapidamente, e passam longos períodos de tocaia, esperando uma presa aparecer.
Em inglês, elas se chamam Moray eel (“eel” é enguia), um indicativo de que são enguias, mas no Brasil as mais de 200 espécies da família Muraenidae são conhecidas por moreias. Algumas delas, como a Gymnothorax bathyphilus, têm uma cara realmente assustadora: dentes que variam de tamanho conforme a espécie e olhos muito penetrantes.
Ainda dentro do mesmo gênero, descobrimos espécies que combinam sua cara intimidatória com um impressionante jogo de luzes e cores ao longo do corpo. É o caso daGymnothorax undulates, que apresenta manchas marrons em um corpo de um verde tão intenso que parece brilhar.
O nome dado pelo guia prático de peixes marinhos parece inocente, mas quem vê um exemplar da espécie Peristedion miniatum por perto se depara com um monstro. Seu corpo é revestido por várias camadas, como se fossem armaduras, e ao longo do tronco se encontram espinhos pontudos que o ajudam a caçar suas presas.
As listas de campeões entre os peixes com dentes mais assustadores não podem deixar de fora o Anoplogaster cornuta, cujas presas se parecem com as de um vampiro. Em proporção ao resto corpo, é um dos maiores dentes do mundo animal. Mas o peixe ogro, na verdade, é amedrontador apenas em uma foto ampliada: seu comprimento raramente vai além dos 16 centímetros.
Já falamos nesta lista sobre os pepinos do mar, que soltam uma poderosa substância tóxica quando são molestados por predadores. Mas existe uma espécie, Periclimenes imperator, que consegue tirar benefícios do corpo dos pepinos do mar. O camarão imperador é parasita, não apenas de pepinos do mar como de outros animais, tais como a lesma do mar. É identificado por suas patas de um forte tom de roxo.
O nome científico já começa assustando o observador: Vampyroteuthis infernalis. Em bom português, a lula-vampira-do-inferno foi batizada dessa forma devido ao vermelho vivo e brilhante de sua pele, sem falar nos olhos luminosos e nas membranas que colam seus tentáculos uns aos outros, fazendo-os parecerem asas de morcego.
Você já ouviu falar na tatuíra? Este nome brasileiro define um grupo de crustáceos gigantes, que mais parecem um besouro ampliado em umas mil vezes. Apesar disso, os animais do gênero Bathynomus habitam mares a profundidades significativas. Os maiores exemplares chegam a alcançar mais de 40 centímetros de comprimento, o que requer duas mãos adultas para segurá-los.
O formato desse peixe está entre os mais inusitados do fundo do mar: é um corpo quase quadrado, acima do qual se destaca uma larga boca e olhos escuros. Apesar disso, o que confere particularidade ao Chaunax endeavouri é um pequeno par de pernas abaixo do tronco, que o ajuda a se locomover.
Fotografada em zonas abissais do mar, onde os raios de sol não mais conseguem se espalhar, as espécies de água-viva (do gênero Aequorea) aparecem com contornos feitos em uma brilhante luz fantasmagórica, que parece fosforescente. O tamanho das águas-vivas pode ser mais um fator assustador: algumas espécies chegam a ter tentáculos de 30 metros de comprimento.
Embora os americanos também a chamem de jellyfish (“água-viva”), as espécies do gêneroAtolla são conhecidas por nós como medusas. Assim como vários outros animais bioluminescentes, as medusas usam a luz para caçar. A diferença é o método: elas giram seu corpo luminoso em forma de roleta para hipnotizar a vítima e dar um bote fatal.
Este peixe junta duas características curiosas. A primeira, menos interessante, é que ele tem o corpo todo malhado, como se fosse uma onça pintada. Mas o Brachionichthys hirsutus, natural das águas da Austrália, é notório por ter pequenos braços na parte frontal do corpo, o que lhe permite em nadar pelo oceano ou “andar” pelo fundo do mar.